quarta-feira, 1 de junho de 2011

UERN: professores denunciam má estrutura


Além deles, técnicos também reclamam de falta de material e, principalmente, segurança no campus


Postado em 01/06/2011 às 11:02 horas por Mário Gerson na sessão Educação
Desta vez foram os professores e técnicos da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) que decretaram greve por tempo indeterminado.  Por questões salariais e por melhores condições de trabalho e ensino as categorias param e tiveram apoio total dos estudantes, que ao final do pronunciamento de greve afirmaram: “governo acuado, povo organizado!”.

A assembleia aconteceu ontem pela manhã na Associação dos Docentes da Uern (ADUERN) e depois de uma proposta frustrada por parte do governo do estado, que chegou por fax no meio da assembleia, os professores decidiram pela greve, vencendo uma minoria de seis que se opuseram ao movimento paredista. A greve também foi decretada em assembleia do Sindicato dos Servidores e Técnicos da Uern (SINTAUERN).


Mas os professores que fizeram pronunciamento durante a assembleia na Aduern foram taxativos em declarar que não só a questão salarial importava naquele momento. “O reajuste financeiro não será suficiente para acabar com a greve. Queremos a autonomia e a urbanização da universidade”, diziam os docentes.

RECLAMAÇÕES COM RESPEITO À ESTRUTURA - O motivo da reclamação, justificado pelos próprios professores foram questões de infraestrutura na Uern, como um esgoto estourado na Faculdade de Letras e Artes (FALA), parte do teto caído da Faculdade de Enfermagem (FAEN), entre vários outros problemas.

A proposta de reposição salarial na ordem de 23,98% em parcelas anuais, observando limite prudencial estabelecido pela Lei Complementar, entre outros pontos, enviada pela governadoria, após uma reunião entre a Secretaria Estadual de Educação, a Secretaria de Administração e a reitoria, não agradou aos professores. “Achamos vaga a proposta. Isso é uma grande frustração. Sabemos que o estado está recuperando sua receita e que dava para atender às necessidades das categorias”, destacou Flaubert Torquato, presidente da Aduern.

O professor Alexandro Teixeira afirmou que a governadora brincou com a categoria dos professores. “Vamos nos juntar à luta do funcionalismo público estadual. A nossa categoria é de professores que gostam de trabalhar, mas não vamos arredar o pé enquanto não conseguirmos um salário digno e melhores condições de trabalho”, reclamou.

A greve foi apoiada pela maioria dos alunos. “Nós concordamos com os professores, já que vemos que as condições de infraestrutura são péssimas para todos”, disse o representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Saulo Spinelle.

60 DIAS DE NEGOCIAÇÃO – A assembleia dos professores de ontem marcou os 60 dias desde o início da negociação salarial esse ano. Os docentes partem de um ponto de 12 reivindicações, em uma pauta dividida entre cobranças ao governo do estado e à reitoria da universidade. A última greve da Uern aconteceu no ano de 2007 e durou 64 dias.

Os orçamentos da universidade representam em custeio o valor de R$ 6,7 milhões, R$ 3,5 milhões de financiamento contingenciado e R$ 140 milhões na folha de pagamento.

Sintauern diz que condições de trabalho não são boas e que estrutura é deficitária

Em visita à Redação da GAZETA, na manhã de hoje, 1º, Iata Anderson, técnico de nível superior da Uern, e que faz parte da Comissão do Comando de Greve, destacou que ontem à noite, 31, primeiro dia da paralisação, cerca de 90% da universidade não funcionou.

“Nosso movimento é diferenciado, porque fazer greve não é ficar em casa e, sim, cobrar, cobrar melhorias e mobilizar-se”, destacou, salientando que a expectativa é de que a força do movimento continue.


Ele comentou que o Comando de Greve fará mobilizações nos campi avançados. “A situação da universidade não é das melhores... Para se ter uma ideia, quando chegamos à entidade, por meio de concurso público, os telefones estavam cortados. Além disso, sempre faltam materiais básicos de escritório, para uma simples tarefa”, frisou Pedro Rebouças, que também está à frente das mobilizações dos técnicos administrativos.

Além desses problemas, ele ressaltou a falta de urbanização da universidade. “Quando chove, o deslocamento a pé não é quase impossível. A Uern se torna num grande lamaçal. Além disso, o agravante diz respeito à segurança pública. No curso de Comunicação Social, à noite, é necessário dar aula com as portas fechadas porque o perigo é iminente. Ou seja, não há segurança adequada”, destacou.

Em contato com a Pró-Reitoria de Administração, da Universidade do Estado do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), a reportagem da GAZETA conversou com o diretor-executivo da referida pró-reitoria, Eduardo Eugênio e ele acrescentou que "algumas medidas estão sendo tomadas e outras serão estudadas".

Segundo ele, sobre a falta de material de expediente, em alguns casos, a Uern "desconhece" e acredita que a denúncia seja "infundada". 

Quanto a outros esclarecimentos, ele adiantou que seria necessária "uma entrevista detalhada do assunto com o pró-reitor de Administração".

REIVINDICAÇÕES DOS DOCENTES
Para com o governo
•    Reposição salarial de 23,98% em cumprimento do PCCS
•    Descontingenciamento imediato dos recursos orçamentários
•    Autonomia financeira
•    Ampliação dos recursos orçamentários

Para com a reitoria
•    Universalização do regime de trabalho e dedicação exclusiva
•    Liberação dos professores para capacitação
•    Criação de creches para filhos dos servidores
•    Urbanização
•    Extinção dos Núcleos avançados de Educação Superior
•    Plano de Segurança
•    Convocação imediata do CONSUNI
•    Lei da ficha-limpa para eleições na Uern

REIVINDICAÇÃO DOS TÉCNICOS

•    Reajuste salarial com índice de 13,98%, observado o escalonamento previsto no PCS;
•    Reestruturação do Plano de Cargos, Salários e Benefícios dos Servidores Técnicos Administrativos;
•    Compromisso para ocupação dos Cargos de Pró-Reitor das atividades meio da Uern (Proplan/Proad e Prorhae), conforme deliberação acatada nos trabalhos da Estatuinte;
•    Reajuste nos percentuais correspondentes aos adicionais de incentivo à Pós-Graduação, em especial ao da capacitação Latu Sensu (especialização);
•    Criação de Órgão para acompanhamento das políticas de segurança e prevenção a acidente de trabalho.

Fotos: Edinilto Neves e Bruno Soares

A greve teve início na manhã de ontem: professores, técnicos administrativos e alunos pararam

Pedro Rebouças reclama de má estrutura: falta de segurança, à noite, é uma delas

Com informações de Monalisa Cardoso e Mário Gerson

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