sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Por uma nova prática de ensino


Como é possível um aluno passar tanto tempo na escola e não saber ler e escrever?


Por Tânia de Sá Custódio


Foto: Divulgação / Shutter Stock Images

Leciono há mais de vinte anos  em escolas de ensino fundamental e ensino médio (particulares e públicas). Jamais quis deixar o ensino público, que para mim sempre foi uma constante luta de insatisfações e anseios. Até que ingressei na prefeitura municipal de São Paulo e,   por dez anos, fiquei fora da sala de aula, fui para a área administrativa.
Continuava trabalhando com o pedagógico, porém de uma forma diferente. Conversava com os alunos, com os pais, estava em constante contato com a comunidade, mas eu não pensava em aprendizagem e sim na parte disciplinar.
Depois  de tanto tempo, voltei para a sala de aula com a carga máxima e dei de cara com alunos semialfabetizados e caí em desespero. Perguntava-me: Como é possível um aluno passar  tanto tempo na escola e não saber ler e escrever? Alguns professores diziam que era normal — eu é que havia ficado muito tempo fora da sala de aula.
A  professora de português comentou comigo sobre alguns alunos e, juntas, passamos para a coordenadora pedagógica e iniciamos um trabalho em 2009, que eu adorei e não pensava que iria dar resultado. Fizemos avaliações diagnósticas com leitura e escrita e eu  entendi que tinha de estudar  e  que a interdisciplinaridade  era necessária. Comecei a entender o que era silábico, silábico com valor e sem valor e fomos adaptando as leituras e as escritas com exercícios  para um sexto ano, como cruzadinhas pequenas e com letras de forma  espaçadas. Caminhamos sem o livro didático, elaboramos um material para  os alunos  partindo da realidade deles, tudo aquilo que eu sempre escutei e nunca concordei entrava em ação e algumas reflexões eram verdadeiras. Como  a Geografia é uma disciplina  de observação,    é mais fácil fazer o aluno aprender e apreender.
Quanto ao meu simples aprendizado, passei a acreditar que o conteúdo só faz sentido quando está, de alguma maneira, atrelado ao cotidiano. Isso é possível quando o professor busca saber o que o aluno sabe, respeitando-o, levando para a sala sempre algo  para somar e não esquecer que nós professores ainda somos modelo para muitos e muitos alunos, por isso precisamos acreditar no nosso trabalho e aprimorá-lo todos os dias.

Professor, se você tem alguma experiência que queira compartilhar com outros docentes, envie-nos os detalhes no e-mail geografia@criativo.art.br

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