Introdução
A escrita ocidental, baseada em um alfabeto composto de unidades mínimas (letras) que devem ser associadas para formar palavras, que por sua vez associam-se para formar frases, é inapropriada para transmitir mensagens instantâneas. "Há uma lombada adiante; diminua a velocidade" é uma frase comprida demais. A reação, após sua leitura e compreensão, pode chegar tarde demais.
Para superar esta limitação de nossa escrita surgiram os ícones.
O que é um ícone?
Um ícone é um símbolo gráfico cuja visualização recupera, da memória de curto ou longo prazo, lembranças relacionadas a vários fatores: perigos, alertas, opções, ações, etc.
Exemplos de ícones |
Mas para serem compreendidos, e obter o efeito pretendido, um ícone deve estar associado a elementos conhecidos no contexto sócio-cultural do usuário.
Provavelmente o ícone acima lembre ao leitor o controle de um aparelho de som, ou de vídeo, ou de um DVD. Mas para um morador de um vilarejo perdido dos Andes, por exemplo, onde não há energia elétrica e as condições sócio-econômicas são muito ruins, nada vai significar.
Tipos de ícones
Segundo Norman, há três tipos de ícones: Os que representam os objetos que serão manipulados | |
Os que representam as operações ou os operadores | |
Os que representam operadores atuando sobre objetos |
A efetividade de um ícone depende da habilidade do usuário em reconhecer o que o ícone representa e associa-lo ao comando que será invocado. Quanto menor for o tempo de resposta, maior será a efetividade do ícone.
Segundo Norman, ícones altamente convencionais, concretos, que representam objetos e ações são mais efetivos que àqueles que se referem a analogias ou abstrações.
Ícone convencional, concreto, de alta efetividade | Ícone abstrato, de significado confuso.Contato? Telepatia? Qual o significado? |
Vantagens
Há várias vantagens associadas à utilização de ícones no projeto do diálogo com o usuário.
- Um ícone, desde que corretamente projetado, dispensa leitura, análise, reconhecimento ou tradução.
- É compreensível até por pessoas não alfabetizadas
- É compreendido rapidamente: “Estudos na compreensão de sinalização rodoviária demonstram que um ícone pode ser reconhecido ao dobro de distância e na metade do tempo que um sinal escrito”
- Contribui à facilidade de (re)aprendizado
- Projetados adequadamente, contribuem à optimização de espaço na tela
- Complexidade de criação (mas há extensas bibliotecas com ícones já prontos)
- Poluição visual, desde que usados sem critério
- Espaço (quanto mais ícones, menos espaço para a área de trabalho do usuário)
Ícones podem ser utilizados com diversas finalidades:
- Para ativar menus (ex: o famoso ícone "Start" do Windows)
- Para iniciar a execução de ações
- Para manipular janelas
- Para mudar de modo de operação
- Para revelar o estado de dados
- Para representar arquivos, diretórios, estruturas
- Limite o número de ícones àquelas ações freqüentes; a utilização excessiva de ícones pode contribuir à poluição visual
- Quando um ícone é clicado, destaque-o daqueles que o rodeiam. Observe, à direita, parte da caixa de ferramentas do Photoshop. Qual o modo corrente de operação? A resposta é imediata. Nota dez.
- Destaque o ícone do background
- Não pode haver, na mesma aplicação, dois ícones parecidos.
- Cuidado com os ícones "cross-transaction": um mesmo ícone, ou ícones similares, não podem representar ações divergentes em aplicações diferentes.
- Cor e sombreamento podem ser usados para realçar um ícone. Considere a variação na capacidade cognitiva dos usuários da aplicação.
- Animação? Sim, mas com MUITO critério. Fatores de distração, em aplicações comerciais, são geralmente desaconselháveis (há exceções, que comentaremos oportunamente).
Uma “caixa de ferramentas” é um conjunto de ícones, agrupados segundo certo critério, que oferecem ao usuário as opções mais utilizadas da aplicação. Se seu significado não é óbvio, o agrupamento de ícones somente é aconselhado para usuários dedicados que usam a aplicação com freqüência. Rogers aconselha organizar os ícones en clusters, agrupando-os segundo um critério comum, mas preservando sua identidade dentro do grupo. A caixa de ferramentas do MS Word (à direita), é um exemplo de uma excelente implementação.
Conclusão
Os ícones são um grande aliado do projetista. Sua capacidade de compreensão imediata torna-os extremamente úteis para destacar ações, sinalizar eventos, representar estados.
- Ao decidir quais ícones usar e quais as ações às quais estarão associados, considere as características de usa audiência.
- Use, mas não abuse; a utilização excessiva de ícones pode contribuir à poluição visual
- Cores devem utilizadas com muita cautela, ou sua aplicação pode virar um carro alegórico.
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