domingo, 31 de outubro de 2010

Atualizar a pedagogia face ao mundo mudado


Leonardo Boff

Séculos de guerras, de confrontos, de lutas entre povos e de conflitos de classe nos estão deixando uma amarga lição. Este método primário e reducionista não nos fez mais humanos, nem nos aproximou mais uns dos outros e muito menos nos trouxe a tão ansiada paz. Vivemos em permanente estado de sítio e cheios de medo. Alcançamos um patamar histórico que, nas palavras da Carta da Terra, "nos conclama a um novo começo". Isto requer uma pedagogia, fundada numa nova consciência e numa visão includente dos problemas econômicos, sociais, culturais e espirituais que nos desafiam.

Esta nova consciência, fruto da mundialização, das ciências da Terra e da vida e também da ecologia nos está mostrando um caminho a seguir: entender que todas as coisas são interdependentes e que mesmo as oposições não estão fora de um Todo dinâmico e aberto. Por isso, não cabe separar mas compor, incluir ao invés de excluir, reconhecer, sim, as diferenças mas também buscar as convergências e no lugar do ganha-perde, buscar o ganha-ganha.

Tal perspectiva holística vem influenciando os processos educativos. Temos um mestre inolvidável, Paulo Freire, que nos ensinou a dialética da inclusão e a colocar o "e" onde antes púnhamos o "ou". Devemos aprender a dizer "sim" a tudo aquilo que nos faz crescer no pequeno e no grande.

Frei Clodovis Boff acumulou muita experiência trabalhando com os pobres no Acre e no Rio de Janeiro. Na esteira de Paulo Freire, entregou-nos um livrinho que se tornou um clássico: "Como trabalhar com o povo". E agora face aos desafios da nova situação do mundo, elaborou um pequeno decálogo daquilo que poderia ser uma pedagogia renovada. Vale a pena transcrevê-lo e considerá-lo pois nos pode ajudar e muito.

1."Sim ao processo de conscientização, ao despertar da consciência crítica e ao uso da razão analítica (cabeça). Mas sim também à razão sensível (coração) onde se enraizam os valores e de onde se alimentam o imaginário e todas as utopias.

2. Sim ao "sujeito coletivo" ou social, ao "nós" criador de história ("ninguém liberta ninguém, nos libertamos juntos"). Mas também sim à subjetividade de cada um, ao "eu biográfico", ao "sujeito individual" com suas referências e sonhos.

3. Sim à "praxis política", transformadora das estruturas e geradora de novas relações sociais, de um novo "sistema". Mas sim também à "prática cultural" (simbólica, artística e religiosa), "transfiguradora" do mundo e criadora de novos sentidos ou, simplesmente, de um novo "mundo vital".

4. Sim à ação "macro" ou societária (em particular à "ação revolucionária"), aquela que age sobre as estruturas. Mas sim também à ação "micro", local e comunitária ("revolução molecular") como base e ponto de partida do processo estrutural.

5. Sim à articulação das forças sociais sob a forma de "estruturas unificadoras" e centralizadas. Mas sim também à articulação em "rede", na qual por uma ação decentralizada, cada nó se torna centro de criação, de iniciativas e de intervenções.

6. Sim à "crítica" dos mecanismos de opressão, à denúncia das injustiças e ao "trabalho do negativo". Mas sim também às propostas "alternativas", às ações positivas que instauram o "novo" e anunciam um futuro diferente.

7. Sim ao "projeto histórico", ao "programa político" concreto que aponta para uma "nova sociedade". Mas sim também às "utopias", aos sonhos da "fantasia criadora", à busca de uma vida diferente, enfim, de "um mundo novo".

8. Sim à "luta", ao trabalho, ao esforço para progredir, sim à seriedade do engajamento. Mas sim também à "gratuidade" assim como se manifesta no jogo, no tempo livre, ou simplesmente, na alegria de viver.

9. Sim ao ideal de ser "cidadão", de ser "militante" e "lutador", sim a quem se entrega, cheio de entusiasmo e coragem, à causa da humanização do mundo. Mas também sim à figura do "animador", do "companheiro", do "amigo", em palavras pobres, sim a quem é rico de humanidade, de liberdade e de amor.

10. Sim a uma concepção "analítica" e científica da sociedade e de suas estruturas econômicas e políticas. Mas sim também à visão "sistêmica" e "holística"da realidade, vista como totalidade viva, integrada dialeticamente em suas várias dimensões: pessoal, de gênero, social, ecológica, planetária, cósmica e transcendente."

Publicado em: http://www.adital.com.br/. Dia 13.09.10.

sábado, 3 de abril de 2010

CONCEPÇÕES E NÍVEIS DE LEITURA

CONCEPÇÕES DE LEITURA

O que pensamos de um processo dirige o modo como executamos esse processo e, por extensão, o modo como ensinamos esse processo a outras pessoas. No fundo, essa afirmação expressa o fato de que o pensamento conduz e dirige as nossas ações; ou, ainda, que a prática se funda na teoria e é por esta orientada.

Tendo por base esse esclarecimento inicial, cabe-nos entrar no mundo da leitura, lembrando que este mundo não é plano; pelo contrário, o mundo da leitura é complexo, elíptico ou espiralado, discrepante e multifacetado. O mesmo pode ser dito em relação ao "processo de leitura", também complexo e multifacetado.

Uma concepção "plana" do processo de leitura pode levar a ações também planas e superficiais em termos de leitura e de ensino da leitura. Neste caso, por ser aligeirado em sua definição, o ato de ler perde em densidade teórica, levando a práticas pedagógicas inconsequentes, que em nada contribuem para a formação de leitores ávidos e maduros.

Uma concepção "complexa" do processo de leitura é capaz de permitir uma análise para acurada dos fatores que interagem durante as práticas de leitura. Por levar em conta a natureza espiralada do ato de ler, essa concepção poderá fazer com que os mediadores de leitura (professores, bibliotecários, pais, etc.) levem em conta, para efeito de ensino-aprendizagem, os condicionantes que dinamizam o processo de leitura, permitindo o monitoramento crítico de cada um deles.

Um exemplo

Para a Professora "X" a leitura é definida como "Transformação da escrita em fala". Mais espeficamente, para essa professora "Ler é transformar os símbolos escritos em símbolos orais". Neste caso, o que "X" pensa do processo vai servir como suporte às suas ações como leitora e como professora de leitura. Tendo uma concepção de leitura restrita à leitura oral, quando ela ler lerá em voz alta e quando ensinar leitura, vai favorecer, enfatizar - tão somente ou principalmente - a leitura em voz alta dos textos em sala de aula, não percebendo de que a leitura é muito mais do que isso.

Para a Professora "Y" a leitura é concebida como uma performance dramática composta por muitas cenas. Neste caso, ela vai ensinar segundo essa definição, fazendo com que os as crianças em fase de aprendizagem da leitura se tornem, simbolicamente falando, dramaturgos (re-escritores do texto), diretores (intérpretes do texto), atores (executantes do texto), públicos (respondentes às idéias do texto) e críticos (comentadores do texto).


LEITURA ENQUANTO INTERAÇÃO E DIÁLOGO

Tendo em mente a tese de Vigotski de que somos seres sociais e que necessitamos de interações com outros seres sociais no sentido de crescer e aprender, a leitura pode ser tomada como um modo de comunicação bi-direcional entre um leitor e um texto (escrito, imagético, sonoro, escultural, gestual, etc.) visando a produção de sentidos.

O leitor age sobre o texto e o texto age sobre o leitor. No movimento dessa inter-ação, os sentidos vão surgindo na consciência do sujeito leitor. O leitor traz para o momento da leitura um repertório prévio de experiências (conceituais e linguísticas), também chamado de "background". E o texto tece forma e conteúdo, vocabulário e sintaxe. Cabe ainda lembrar que o texto a ser lido remete para um contexto (histórico, econômico, etc) e que o próprio leitor também é um ser contextualizado e orientado por determinadas circunstâncias de vida.

Conforme os elementos que entram em jogo no momento da interação leitor-texto, podemos imaginar três situações - situações que expressam os níveis específicos de leitura.

SITUAÇÃO 1 - NÍVEL INDENPENDENTE OU AUTÔNOMO DE LEITURA
Repertório amplo do leitor para um texto semantica e lexicalmente pouco complexo.
O texto se dá facilmente em termos de leitura. O leitor não precisa de consultas a dicionários e nem de esclarecimentos de outras pessoas. Leitura flui com rítmo adequado, sem paradas ou dúvidas. A compreensão gera sentidos. Leitor satisfeito no transcorrer do processo.

SITUAÇÃO 2 - NÍVEL DE FRUSTRAÇÃO DE LEITURA
Texto complicado em termos semânticos e sintáticos para repertório reduzido do leitor.
O texto está muito além das possibilidades de produção de sentidos pelo leitor. Paradas recorrentes em função do estranhamento do vocabulário e/ou da sintaxe. Varreduras visuais retornam incessantemente para releitura de parágrafos, frases e/ou palavras. A compreensão não gera sentidos por falta de repertório interpretativo. Certamente desistência da leitura por sentimento de despreparo ou incompetência.

SITUAÇÃO 3 - NÍVEL INSTRUCIONAL DE LEITURA
Texto desafiador para leitor. Repertório e vocabulário-lexico se equilibram no momento da leitura.
O texto é adequado para movimentar (iniciar e manter) a leitura, permitindo que o leitor, através da reorganização dos elementos contidos no seu repertório, chegue à uma compreensão do texto. Quer dizer: o texto não se dá totalmente (como no Nível Independente) em nem frustra o leitor (como no Nível de Frustração), mas provoca, convida, incita, instiga, impele o leitor a produzir sentidos.

Do quadro acima podemos retirar algumas implicações para o ensino da leitura:

1. Evitar a todo custo o Nível de Frustração em Leitura - isto porque a não-produção de sentidos por falta de preparo e repertório gera comportamentos de frustração, como fuga e esquiva de textos, agressividade, apatia, etc. Certamente que tais comportamentos podem causar a morte do leitor pelo desgosto ao ter de ler qualquer tipo de texto.

2. Oferecer variedade de texto para alimentar e enriquecer o Nível Independente de Leitura - livros de literatura ao nível do repertório dos estudantes, acervos rotativos de textos (curtos e longos), acervos temáticos, etc no sentido de sedimentar interesses e permitir o desenvolvimento de outros interesses, permitindo a expansão do repertório via textos diversificados.

3. Levar em conta o Nível Instrucional de Leitura para ensinar habilidades de leitura que os alunos têm de dominar ao longo da trajetória escolar, apresentar um novo escritor, aprofundar uma unidade temática de leitura no sentido de adensar a compreensão/interpretação das idéias relacionadas ao tema sob estudo, etc. As competências estudadas neste nível são incorporadas pelo leitor e passam para o Nível Independente de Leitura.

A sensibilidade, a experiência e o senso de observação do professor são os guias para a pecepção dos níveis de leitura de uma turma de estudantes. Nunca é demais lembrar que os repertórios trazidos pelos alunos nunca são iguais e as diferenças podem ser altamente produtivas para o avanço do nível de leitura da classe, lembrando o professor que as diferenças podem ser excelentes pontos de partidas para se chegar a determinadas "semelhanças" no ponto de chegada. Caso a sensibilidade do professor apontar para dificuldades no enfrentamento de novos textos no Nível Instrucional, ele deverá organizar atividades de enriquecimento do repertório dos alunos-leitores através de exposição prévia do assunto tratado no texto, discussão do que o grupo já sabe sobre o assunto ou tema, um texto mais fácil ou introdutório que leve ao texto almejado, pesquisas e buscas de preparação, filmes sobre o assunto, excursões, etc.

ESCULTURAS DE CONCEPÇÕES DE LEITURA

Junto à turma de pós-graduação da Unitoledo de Araçatuba, SP (2010). propusemos um exercício em que cada participante deveria escrever a sua definição de leitura. Depois, haveria a eleição da definição mais completa e objetiva, segundo a ótica do grupo. Finalmente, a partir do enunciado da definição vencedora, os membros do grupo deveriam fazer uma escultura com os seus próprios corpos. Ou seja, a escultura corporal serviria como uma ilustração da definião escolhida pelo grupo. Seguem os excelentes resultados conseguidos pelos grupos.













Tipos de Leitura

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Diferentes tipos de leitura
 
Segundo o tamanho e a dificuldade de um texto, sua leitura deve ajustar de acordo com diferentes formas, dentro de uma mesma atitude e abordagem, conforme indicado em Leitura de Textos.

Um pequeno texto

Uma frase
Uma simples frase, que pode ser até um título, um aforismo ou uma frase célebre, merece uma leitura atenta aos seguintes aspectos:
  • Prioridade de importância dos termos no texto
  • O porque da ordem dos termos no texto, se indica relações ou simples enumeração
  • Que sentido guardam os termos neste contexto ultra restrito?
  • Que perspectiva de interpelação ou de provocação este frase tem?
Não é porque o texto é curto que se deve lê-lo rapidamente, pelo contrário sua concisão apela maior reflexão.
Um parágrafo ou um texto de algumas linhas
  • Tomá-lo como um todo, seja:
    • fragmento
    • artigo
    • excerto de um texto maior (recorte guardando coerência)
  • Como lê-lo?
    • Repetidas leituras, com finalidades distintas:
      • Investigação do problema tratado
      • Investigação do tipo de argumentação: porque o autor escolheu este tipo de relação com o problema tratado?
      • Investigação da estrutura do texto
        • momentos
        • função destes momentos
        • démarche, relação dos momentos entre eles
      • Investigação dos conceitos chaves:
        • necessidade?
        • apropriação original do autor
    • Dialogue com o texto
      • Que te aporta, que reflexões provoca?
      • Que muda na sua maneira de ver o problema que trata?
        • aporte de informações
        • perspectiva diferente
        • questionamento de pressuposições
        • aprofundamento
        • interpelação, provocação

Uma revista

Revista de Informação Geral
Uma revista com rubricas não obrigatoriamente ligadas entre si.
  • Folhear a revista de cabo a rabo, para uma primeira aproximação de sua natureza
  • Seelcionar os artigos interessantes e, para cada um, proceder a sistemática em Leitura de Textos
Revista especializada ou temática
  • Ler seu preâmbulo e editorial para entender sua proposta
  • Abordar o sumário com atenção aos títulos, autores e ordenamento
    • Investigar
      • Como é organizado?
      • Como os artigos são agrupados?
      • Quais são os diferentes aspectos abordados e porque?
      • Em que ordem e porque?
    • Ler atentamente os títulos dos artigos e o nome dos autores:
      • Seus conhecidos (de nome, de notoriedade)? Sua reputação? Sua trabalho?
      • Dar uma olhada nas referências que eles dão para sustentar sua exposição; indicação esclarecedora do espírito do artigo e de sua qualidade; bons autores têm boas leituras e referências bibliográficas.
  • Selecionar os artigos a ler (na sua ordem pessoal)
  • Questionar fotos e imagens disponíveis na revista:
    • Porque nesta posição precisa?
    • Que ilustra como idéia presente no texto?
  • Confirmar se as chamadas laterais ao texto são realmente significativas
  • Ler cada artigo conforme indicado em Leitura de Textos

Uma obra

  • Investigar prefácio, índice, índice remissivo e bibliografia
  • Buscar sempre que possível a originalidade da tese sustentada em relação ao tema tratado, mesmo que seja um trabalho de síntese.
  • Buscar como o texto "funciona"?
    • Démarche
    • Articulações
  • Buscar quais são os momentos essenciais, aos quais se deve ter uma atenção especial
  • Buscar em dicionário especializado se for o caso a definição dos termos importantes
  • Seguir a sistemática indicada em Leitura de Textos
hyperlogos.bem-vindo.net/tiki-index.php?...

Resenha do livro "O que é leitura"

MARTINS, M. H. O que é leitura. In: Coleção Primeiros Passos. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 7 - 93.
 
A leitura se faz de várias maneiras. A primeira leitura que executamos é a da primeira infância, que está representada pelo tato, olfato, audição e visão. Esta leitura é natural, mas não deixa de ser exigente e complexa, pois exige interpretação. Para ler bem é necessário o ato de ler sozinho associado à leitura através dos olhos de outros, é necessário também viver, sofrer, enfim, experimentar. A leitura é prejudicada pela carência de convívio humano e pela pobreza material e cultural. Estas são as principais causas de uma pessoa desfavorecida não fixar um conteúdo de uma leitura. A pessoa carente não possui um leque de interesses amplo. A memória exige interesse para fixar-se e pode ser prejudicada também por um mecanismo de defesa da pessoa, pois ler significa transformar, enfrentar, e estas ações podem causar frustrações maiores que a de não poder ler através dos signos lingüísticos. Ler não é somente um ato mecânico de passar os olhos sobre as letras. Ler exige uma leitura anterior, que é a leitura de mundo (experiências vividas ou vistas), ou seja, bagagem. A boa leitura é aquela que decodificando um texto associa-o às experiências de vida, que produzem intertextualidade, ligações entre mundos, obtendo-se ferramentas para modificar a realidade. A boa leitura causa prazer e otimismo, pois gera poder de ruptura. A leitura está intimamente ligada à decodificação da escrita, embora não seja apenas isso. Antigamente, saber ler escrever, entre os romanos, significava inserir-se na sociedade. Saber ler era privilégio da minoria. O método utilizado para aprender a ler e escrever era bastante rígido. Apelava-se para o “decoreba” do alfabeto, depois a pessoa o soletrava, e logo em seguida decodificava palavras isoladas até fazer isso com textos maiores. Mesmo depois de tantos anos, as coisas atualmente não estão muito diferentes. As práticas de decorebas e métodos ultrapassados continuam sendo usados por muitos educadores. A prática mecânica continua bastante vigente. Muitas pessoas se contentam em apenas saber decodificar as palavras, não se importando em interpretar também o mundo. Talvez, seja daí que tenha surgido a mistificação do hábito de ler. Somente a minoria que é eficientemente letrada cabe o direito de dar sentido ao mundo, enquanto que ao restante resta a submissão aos que “sabem de todas as coisas”. Sendo assim, a “cultura do silêncio” tende a permanecer. Se for o educador aquele que sabe, e os educandos aqueles que nada sabem, cabe ao educador transmitir o seu saber aos segundos. Em busca de prováveis soluções para esses problemas, muitos educadores passaram a proclamar a necessidade da constituição do hábito de ler. A leitura, já que é mais do que apenas decodificar palavras, passa a ser uma ponta para um eficiente processo educacional. Mas existe uma “crise da leitura”, que é um grande entrave. Essa crise é proveniente da não leitura de livros, já que a maioria das crianças não tem o hábito de ler livros freqüentemente. O Brasil deixa muito a desejar quanto à publicação de material impresso. Quanto às bibliotecas, o mesmo. Mas esse cenário tem mudado ultimamente, a oferta vem aumentando, e o volume de exemplares cresce a cada dia, embora a crise seja um pouco mais complexa. O ato de ler também envolve os sentidos, as emoções e a razão. Existem três níveis de leitura, que são a sensorial, a racional e a emocional. Cada uma corresponde a um modo de aproximação ao objeto lido. A leitura racional alimenta o caráter reflexivo e dialético e complementa a leitura sensorial e emocional fazendo com que haja uma ponte entre o leitor e o conhecimento. Na leitura emocional, o leitor é envolvido pelos sentimentos despertados pelo texto, sua atitude tende ao irracional. A leitura sensorial é a primeira etapa da leitura, é o contato visual, tátil com o texto. Não se deve supor a existência isolada de cada um desses níveis. É muito difícil realizar uma leitura apenas sensorial, emocional ou racional, pelo fato de ser próprio da condição humana relacionar sensação, emoção e razão, tanto na tentativa de se expressar como na busca de sentido, compreender a si próprio e o mundo. Tão importante quanto à leitura é a releitura que traz muitos benefícios e oferece subsídios consideráveis, principalmente a nível racional. Ela nos encaminha para uma outra percepção de detalhes para uma melhor compreensão.
tuxdaengenharia.blogspot.com

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Linguística Crítica: Implicações para o ensino de línguas

Divido aqui, nesta postagem, parte da conversa com o professor Kanavillil Rajagopalan que tive em um minicurso nos eventos da UNIRITTER Seminário Internacional Linguagem, Interação e Aprendizagem - VII Seminário Nacional Linguagem, Discurso e Ensino que acontecera de 14 à 16 de setembro de 2010 em Porto Alegre.
  O minicurso de dois dias com o professor Rajagopalan tinha como temática e resumo:
"Linguística Crítica: implicações para o ensino de línguas
 O que é a 'Linguística Crítica'? De que forma ela se distingue da forma tradicional de pensar a linguística? Porque ainda existe uma certa resist°ncia ao projeto da 'Linguística Crítica'? Este minicurso buscará respostas para algumas destas perguntas."
 No primeiro dia o professor para explanar sobre o que seria "ir além da linguística" enfocou no pensamento crítico, sobretudo na escola de Frankfurt. Ser crítico é ultrapassar o conceito de ciência e filosofia do século XIX onde o pensador e cientista apenas observava os fenômenos e estava indiferente ao fato social que o cercava. Max Horkheimer seria para o professor aquele alemão da escola de Frankfurt que impulsionou a união do pensamento filosofico com o social nos anos 20.
A linguística por muito tempo ficou presa a correntes de pensamento originárias do século XIX, imitando as ciências naturais, prova disso é a presença do estruturalismo e do gerativismo em nossas concepções de língua, linguagem, comunicação, onde vemos as tais com uma olhar estrutural, natural, estanque.
 Depois, o professor foi trabalhando a história de certas línguas, onde destacou os processos políticos, podendo assim dar vazão empírica ao que depois foi colocar o que seria Análise Crítica do Discurso e Filosofia da Linguagem Ordinária. A língua é uma construção humana, social política, e uma arma de poder. O primeiro gramático espanhol ofereceu a gramática dos castelhano para a corte real para servir ao processo de colonização e dominação do mundo, como potente arma em pleno "descobrimento" das américas.
 Norman Fairclough seria o grande expoente atual que pegara os principios bakhtinianos e introduzira em uma teoria que englobe a atualidade neoliberal, com uma Análise Crítica do Discurso. A língua não é uma unidade só, ou um instrumento comunicativo, é sim uma escolha política, um instrumento de diferenciação identitário. O professor para trabalhar o conceito de uso da língua, desconstruiu que a "língua é um instrumento de comunicação" e com Robin Dunbar, antropologo inglês, organizou um pensamento crítico sobre a língua: "a língua é o que faz você diferenciar os seus amigos dos seus inimigos".
Sobre a língua em si o professor mostrou pela sua propria identidade indiana que a língua não é algo fechado, que conceitos como língua materna e língua estrangeira são também construídos sócio-politicamente, já que o professor não tem uma língua materna entre as suas três línguas, e seu pensamento em tal língua é de acordo com a situação, seja inglês, hurdo, hindi, português, etc. Tais concepções também atravessam as formas linguísticas, onde também explanou sobre os "pidgins" ou seja, a mescla entre línguas, que existem, e existem para evidenciar que as línguas não são fixas, já que uma pessoa por exempo, pode falar uma frase com um verbo em uma língua, sujeito em outra e objeto ainda em outra, e isso ser totalmente logico para o sujeito que dera tal "input".
 Atualmente alguns pesquisadores e meios de comunicação estão alarmando sobre um mundo globalizado multilingue, uma micelância cultural pós-moderna, porém isso é uma revelação ingenua já que a humanidade não-ocidental já está acostumada com o fenômeno multilingue, principalmente na África e Ásia. Os Estados europeus na modernidade foram tão brutais na consolidação de suas línguas padrões ( outra invenção histórica ) que afirmaram o mito da língua, de sua unidade.
 Sobre o ensino de línguas, Rajagopalan também relatou suas experiências como professor de inglês, quando seu trabalho era ensinar a língua de seu colonizador. E apartir daí discutiu conceitos culturais sobre a língua inglesa no Brasil, fazendo-nos pensar nas finalidades e metodologias de se ensinar uma língua dominante que têm seus órgãos de de propagação e coerção políticos, econômicos, sociais por trás. Alternativa que considere o espectro crítico e social da linguística seria o que aponta Suresh Canagarajah ( ao lado ), linguista do Sri Lanka, que afirma que a língua adicional do colonizador ( inglês, francês, espanhol, etc. ) deve ser ensinada para ser um instrumento de luta e disputa do colonizado, daquele teve seus direitos subtraídos, então seria uma alternativa a rejeição das línguas dominantes que são impostas por toda uma dimensão social.
 Por fim, o que posso agregar, a mim, dos ensinamentos do professor Rajagopalan é que a linguística se vista por seus aspectos clássicos somente, in vitro cientifico estamos por desconsiderar os seus significados construídos, significados construídos por conflitos históricos e presentes entre sujeito, cultura, identidade. A língua é uma opção, a identidade é uma escolha, um posicionamento político consciente porém, as vezes não perceptível. Essas escolhas estão influenciadas e influenciam pelo discurso, e cabe ao que adere ao pensamento crítico tomar o seu ponto político-social e prosseguir na caminhada transcientifica, transdisciplinar. Ensinar a língua inglesa  ou espanhola com uma bandeira norte-americana ou o som de castanholas ao fundo é o mesmo que ser um médico nazista testando experimentos nos campos de concentração, já que assim se passa por cima dos direitos humanos e da realidade social que cercam os humanos que lidam com áreas do conhecimento. Ensinar, compartilhar, aprender uma língua adicional ou saber melhor explorar sua própria opção linguística, enquanto sujeito e agente, de forma a instrumentalizar isso em proveito de sua disputa orgânica ante a homegeneidade neoliberal globalizada, é fazer uma interpretação crítica da linguística.

 Referências complementares de estudo que o professor citou além das já citada:
Ian Watt; Burnstein; Christopher Hutton; Foucault; John Joseph ( Languaje and Policy );Alice Panicook; Anthony Güfen; Christian Farlheiran.

A fonte desse material é: PIBID - UNIPAMPA - Bagé - Letras
 

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

PARÂMETROS LEGAIS DA EJA

RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 1, DE 5 DE JULHO DE 2000

Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação e Jovens e Adultos.

O Presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, de conformidade com o disposto no Art. 9º, § 1°, alínea "c", da Lei 4.024, de 20 de dezembro de 1961, com a redação dada pela Lei 9.131, de 25 de novembro de 1995, e tendo em vista o Parecer CNE/CEB 11/2000, homologado pelo Senhor Ministro da Educação em 7 de junho de 2000, RESOLVE:

Art. 1º Esta Resolução institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos a serem obrigatoriamente observadas na oferta e na estrutura dos componentes curriculares de ensino fundamental e médio dos cursos que se desenvolvem, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias e integrantes da organização da educação nacional nos diversos sistemas de ensino, à luz do caráter próprio desta modalidade de educação.

Art. 2º  A presente Resolução abrange os processos formativos da Educação de Jovens e Adultos como modalidade da Educação Básica nas etapas dos ensinos fundamental e médio, nos termos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em especial dos seus artigos 4º, 5º, 37, 38, e 87 e, no que couber, da Educação Profissional.

§ 1º Estas Diretrizes servem como referência opcional para as iniciativas autônomas que se desenvolvem sob a forma de processos formativos extraescolares na sociedade civil.

§ 2º Estas Diretrizes se estendem à oferta dos exames supletivos para efeito de certificados de conclusão das etapas do ensino fundamental e do ensino médio da Educação de Jovens e Adultos. Art. 3º As Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental estabelecidas e vigentes na Resolução CNE/CEB 2/98 se estendem para a modalidade da Educação de Jovens e Adultos no ensino fundamental.

Art. 4º As Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio estabelecidas e vigentes na Resolução CNE/CEB 3/98, se estendem para a modalidade de Educação de Jovens e Adultos no ensino médio.

Art. 5º Os componentes curriculares conseqüentes ao modelo pedagógico próprio da educação de jovens e adultos e expressos nas propostas pedagógicas das unidades educacionais obedecerão aos princípios, aos objetivos e às diretrizes curriculares tais como formulados no Parecer CNE/CEB 11/2000, que acompanha a presente Resolução, nos pareceres CNE/CEB 4/98, CNE/CEB 15/98 e CNE/CEB 16/99, suas respectivas resoluções e as orientações próprias dos sistemas de ensino.

Parágrafo único. Como modalidade destas etapas da Educação Básica, a identidade própria da Educação de Jovens e Adultos considerará as situações, os perfis dos estudantes, as faixas etárias e se pautará pelos princípios de eqüidade, diferença e proporcionalidade na apropriação e contextualização das diretrizes curriculares nacionais e na proposição de um modelo pedagógico próprio, de modo a assegurar:

I - quanto à eqüidade, a distribuição específica dos componentes curriculares a fim de propiciar um patamar igualitário de formação e restabelecer a igualdade de direitos e de oportunidades face ao direito à educação;

II - quanto à diferença, a identificação e o reconhecimento da alteridade própria e inseparável dos jovens e dos adultos em seu processo formativo, da valorização do mérito de cada qual e do desenvolvimento de seus conhecimentos e valores;

III - quanto à proporcionalidade, a disposição e alocação adequadas dos componentes curriculares face às necessidades próprias da Educação de Jovens e Adultos com espaços e tempos nos quais as práticas pedagógicas assegurem aos seus estudantes identidade formativa comum aos demais participantes da escolarização básica.

Art. 6º Cabe a cada sistema de ensino definir a estrutura e a duração dos cursos da Educação de Jovens e Adultos, respeitadas as diretrizes curriculares nacionais, a identidade desta modalidade de educação e o regime de colaboração entre os entes federativos.

Art. 7º Obedecidos o disposto no Art. 4º, I e VII da LDB e a regra da prioridade para o atendimento da escolarização universal obrigatória, será considerada idade mínima para a inscrição e realização de exames supletivos de conclusão do ensino fundamental a de 15 anos completos.

Parágrafo único. Fica vedada, em cursos de Educação de Jovens e Adultos, a matrícula e a assistência de crianças e de adolescentes da faixa etária compreendida na escolaridade universal obrigatória, ou seja, de sete a quatorze anos completos.

Art. 8º Observado o disposto no Art. 4º, VII da LDB, a idade mínima para a inscrição e realização de exames supletivos de conclusão do ensino médio é a de 18 anos completos.

§ 1º O direito dos menores emancipados para os atos da vida civil não se aplica para o da prestação de exames supletivos.

§ 2º Semelhantemente ao disposto no parágrafo único do  Art. 7º, os cursos de Educação de Jovens e Adultos de nível médio deverão ser voltados especificamente para alunos de faixa etária superior à própria para a conclusão deste nível de ensino, ou seja, 17 anos completos.

Art. 9º Cabe aos sistemas de ensino regulamentar, além dos cursos, os procedimentos para a estrutura e a organização dos exames supletivos, em regime de colaboração e de acordo com suas competências.

Parágrafo único. As instituições ofertantes informarão aos interessados, antes de cada início de curso, os programas e demais componentes curriculares, sua duração, requisitos, qualificação dos professores, recursos didáticos disponíveis e critérios de avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas
condições.

Art. 10. No caso de cursos semi-presenciais e a distância, os alunos só poderão ser avaliados, para fins de certificados de conclusão, em exames supletivos presenciais oferecidos por instituições especificamente autorizadas, credenciadas e avaliadas pelo poder público, dentro das competências dos respectivos sistemas, conforme a norma própria sobre o assunto e sob o princípio do regime de colaboração.

Art. 11 No caso de circulação entre as diferentes modalidades de ensino, a matrícula em qualquer ano das etapas do curso ou do ensino está subordinada às normas do respectivo sistema e de cada modalidade.

Art. 12 Os estudos de Educação de Jovens e Adultos realizados em instituições estrangeiras poderão ser aproveitados junto às instituições nacionais, mediante a avaliação dos estudos e reclassificação dos alunos jovens e adultos, de acordo com as normas vigentes, respeitados os requisitos diplomáticos de acordos
culturais e as competências próprias da autonomia dos sistemas.

Art. 13 Os certificados de conclusão dos cursos a distância de alunos jovens e adultos emitidos por instituições estrangeiras, mesmo quando realizados em cooperação com instituições sediadas no Brasil, deverão ser revalidados para gerarem efeitos legais, de acordo com as normas vigentes para o ensino presencial, respeitados os requisitos diplomáticos de acordos culturais.

Art. 14 A competência para a validação de cursos com avaliação no processo e a realização de exames supletivos fora do território nacional é privativa da União, ouvido o Conselho Nacional de Educação.

Art. 15 Os sistemas de ensino, nas respectivas áreas de competência, são co-responsáveis pelos cursos e pelas formas de exames supletivos por eles regulados e autorizados.

Parágrafo único. Cabe aos poderes públicos, de acordo com o princípio de publicidade:

a) divulgar a relação dos cursos e dos estabelecimentos autorizados à aplicação de exames supletivos, bem como das datas de validade dos seus respectivos atos autorizadores.

b) acompanhar, controlar e fiscalizar os estabelecimentos que ofertarem esta modalidade de educação básica, bem como no caso de exames supletivos.

Art. 16 As unidades ofertantes desta modalidade de educação, quando da autorização dos seus cursos, apresentarão aos órgãos responsáveis dos sistemas o regimento escolar para efeito de análise e avaliação.

Parágrafo único. A proposta pedagógica deve ser apresentada para efeito de registro e arquivo histórico.

Art. 17 A formação inicial e continuada de profissionais para a Educação de Jovens e Adultos terá como referência as diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental e para o ensino médio e as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores, apoiada em:

I - ambiente institucional com organização adequada à proposta pedagógica;
II - investigação dos problemas desta modalidade de educação, buscando oferecer soluções teoricamente fundamentadas e socialmente contextuadas;
III - desenvolvimento de práticas educativas que correlacionem teoria e prática;
IV - utilização de métodos e técnicas que contemplem códigos e linguagens apropriados às situações específicas de aprendizagem.

Art. 18 Respeitado o Art. 5º desta Resolução, os cursos de Educação de Jovens e Adultos que se destinam ao ensino fundamental deverão obedecer em seus componentes
curriculares aos Art. 26, 27, 28 e 32 da LDB e às diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental.

Parágrafo único. Na organização curricular, competência dos sistemas, a língua estrangeira é de oferta obrigatória nos anos finais do ensino fundamental.

Art. 19 Respeitado o Art. 5º desta Resolução, os cursos de Educação de Jovens e Adultos que se destinam ao ensino médio deverão obedecer em seus componentes curriculares aos Art. 26, 27, 28, 35 e 36 da LDB e às diretrizes curriculares nacionais para o ensino médio.

Art. 20 Os exames supletivos, para efeito de certificado formal de conclusão do ensino fundamental, quando autorizados e reconhecidos pelos respectivos sistemas de ensino, deverão seguir o Art. 26 da LDB e as diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental.

§ 1º A explicitação desses componentes curriculares nos exames será definida pelos respectivos sistemas, respeitadas as especificidades da educação de jovens e adultos.

§ 2º A Língua Estrangeira, nesta etapa do ensino, é de oferta obrigatória e de prestação facultativa por parte do aluno.

§ 3º Os sistemas deverão prever exames supletivos que considerem as peculiaridades dos portadores de necessidades especiais.

Art. 21 Os exames supletivos, para efeito de certificado formal de conclusão do ensino médio, quando autorizados e reconhecidos pelos respectivos sistemas de ensino, deverão observar os Art. 26 e 36 da LDB e as diretrizes curriculares nacionais do ensino médio.

§ 1º Os conteúdos e as competências assinalados nas áreas definidas nas diretrizes curriculares nacionais do ensino médio serão explicitados pelos respectivos sistemas, observadas as especificidades da educação de jovens e adultos.

§ 2º A língua estrangeira é componente obrigatório na oferta e prestação de exames supletivos.

§ 3º Os sistemas deverão prever exames supletivos que considerem as peculiaridades dos portadores de necessidades especiais.

Art. 22 Os estabelecimentos poderão aferir e reconhecer, mediante avaliação, conhecimentos e habilidades obtidos em processos formativos extra-escolares, de acordo
com as normas dos respectivos sistemas e no âmbito de suas competências, inclusive para a educação profissional de nível técnico, obedecidas as respectivas
diretrizes curriculares nacionais.

Art. 23 Os estabelecimentos, sob sua responsabilidade e dos sistemas que os autorizaram, expedirão históricos escolares e declarações de conclusão, e registrarão os respectivos certificados, ressalvados os casos dos certificados de conclusão emitidos por instituições estrangeiras, a serem revalidados pelos órgãos oficiais competentes dos sistemas.

Parágrafo único. Na sua divulgação publicitária e nos documentos emitidos, os cursos e os estabelecimentos capacitados para prestação de exames deverão registrar o número, o local e a data do ato autorizador.

Art. 24 As escolas indígenas dispõem de norma específica contida na Resolução CNE/CEB 3/99, anexa ao Parecer CNE/CEB 14/99. Parágrafo único. Aos egressos das escolas indígenas e postulantes de ingresso em cursos de educação de jovens e adultos, será admitido o aproveitamento destes estudos, de acordo com as normas fixadas pelos sistemas de ensino.

Art. 25 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, ficando revogadas as disposições em contrário.

Francisco Aparecido Cordão
Presidente da Câmara de Educação Básica

TIRINHAS SUPER ENGRAÇADAS

Tirinhas engraçadas
Você deve estar se perguntando o que são tirinhas engraçadas, então ai vai a resposta, as tirinhas engraçadas são quadrinhos de desenhos, tipo o da “turma da Mônica”, mas são coisinhas pequenas, não como nos gibis, eles têm cerca de três ou quatro quadrinhos em formas de tirinhas.
As tirinhas cada vez mais vêm ganhando espaço, no que antes era algo concentrado apenas em livros infantis e gibis, hoje o leque cresceu muito, passando a ser encontrando em qualquer jornal, revistas e até em livros didáticos, servindo como mediadores de ensinamento. É muito comum também encontrar em provas de vestibulares e Enem. Isso é comum em seção dedicado à matéria português, as tirinhas vêm como textos, só que visuais, assim você deve interpretar a ação que a tirinha mostra!
As mais conhecidas tirinhas são sem duvida as americanas, e a mais legais talvez seja a de “Hagar, o viking”, que sempre traz aventuras engraçadas do viking com a sua esposa, que sempre conta as suas loucuras o trazendo para o mundo real. As melhores tirinhas engraçadas saem toda a semana nós jornais americanos, sendo que as do jornal “The New York Times” são as mais conhecidas em todo o mundo já que este é o maior jornal americano.
As tirinhas mais conhecidas aqui no Brasil são de Mauricio Ricardo com a “Turma da Mônica”. Atire a primeira pedra quem nunca leu um Gibi da “turma da Mônica” praticamente o impossível. As tirinhas sempre mostram uma mensagem subliminar por trás, é um humor critico. Todos riem, mais se analisar friamente verão que as tirinhas mesmo engraçadas trazem um significado especial, por isso hoje muitas editoras montam livros didáticos com tirinhas!
Agora acompanhe o mural de tirinhas engraçadas abaixo, deixe seu comentário dando seu pitaco se gostou de alguma ou se precisamos melhorar em algo!
tirinhas engraçadas
tirinhas super legal
tirinhas da semana
tirinhas mais legais

www.alienado.net/tirinhas-engracadas

domingo, 24 de outubro de 2010

Resumo de estudo

Ao buscarmos um tema, em Língua Portuguesa, para o nosso Trabalho de Conclusão de Curso, focamos nosso interesse nas várias linguagens que permitem as crianças inserirem-se no mundo letrado. E, dentre inúmeras opções de instrumentos de leitura, decidimos trabalhar com as histórias em quadrinhos (HQ). Afinal, nessa era de comunicação e informação, a sociedade não mais permite leituras que objetivem uma única interpretação, estável e universal, nem mesmo leitores apenas de livros. Pelo contrário, hoje é cada vez mais necessário que o sujeito seja capaz de compreender as variadas linguagens e os múltiplos códigos que o envolvem como, por exemplo, pintura, cinema, teatro, propaganda, histórias em quadrinhos.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN (Brasil 2000) apontam, como um dos objetivos do ensino fundamental para a Língua Portuguesa, que os alunos sejam capazes de utilizar as diferentes linguagens – verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal – como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação. Para isso, defendem os PCN que é preciso a escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente, ensinar a produzi-los e a interpretá-los. Nesse sentido, acreditamos que a multimodalidade existente nos quadrinhos facilite e estimule os educandos à prática da leitura, uma vez que o contato com esse gênero textual, leve e agradável, possibilita uma intimidade com o ato de ler.
Entre todas as linguagens que fazem parte do mundo contemporâneo, há uma que realiza a integração entre a linguagem escrita e a linguagem visual: a das histórias em quadrinhos. Estas vêm se consolidando como um importante instrumento de difusão cultural e de formação educacional para pessoas de diferentes faixas etárias. É por meio dos quadrinhos que a maioria das crianças e dos adolescentes entra em contato com as linguagens plásticas desenhadas e com narrativas, iniciando seu contato com linguagem cinematográfica e a literatura, e adquirindo, assim, o gosto pela leitura. Segundo Higuchi (1997, p.53), “no caso das HQ, a criança poderá ter seu prazer ampliado, desenvolvendo sua capacidade de leitura”.
extratos mais Histórias em quadrinhos na sala de aula [...] Os quadrinhos apresentam também uma linguagem bem parecida com a do cinema. A diferença é que, no cinema, as imagens estão em movimento constante, ao passo que nos quadrinhos elas são estáticas. No entanto, apesar de carecer de movimento, sugerem-no. O leitor é quem lhe atribui movimento e continuidade em sua imaginação, "o que demanda um trabalho cognitivo maior por parte do leitor, de modo a preencher as lacunas e reconstruir o fluxo narrativo." (MENDONÇA, 2002, p. 196). Quanto à tipologia textual, as HQ são predominantemente do tipo narrativo. [...]
[...] 3.5 - PROCEDIMENTOS Com base nos objetivos propostos nesta pesquisa e a partir de reflexões acerca dos paradigmas teóricos e metodológicos em pesquisa social, utilizamos, para a execução deste trabalho, o modelo qualitativo interpretativo. Afinal, a Pedagogia se adapta bem às ciências sociais e entendemos que "(...) os pesquisadores são ao mesmo tempo sujeito e objeto de suas próprias pesquisas." (SANTOS FILHO, 2001, p. 31). A análise das atividades desenvolvidas em sala de aula com o gênero HQ foi realizada a partir do levantamento dos elementos que envolvem a prática pedagógica - no que diz respeito ao ensino da leitura - tais como: a relação dos materiais, de que forma a linguagem dos quadrinhos foi explorada, quais os conteúdos de Língua Portuguesa trabalhados, quais os objetivos didático-pedagógico que norteiam a prática do educador e quais os processos avaliativos adotados. [...]
[...] R de S. Um gênero quadro a quadro: a história em quadrinhos. In: Dionísio, A. P.; Machado, A. R.; Bezerra, M. A. (orgs.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, pp. 194-207. MINAYO, M. C. de S. (org). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Rio de Janeiro: Vozes, 2002. SANTOS FILHO, J. C. Pesquisa quantitativa versus pesquisa qualitativa: o desafio paradigmático. In: GAMBOA, S. S. (org.). Pesquisa educacional: quantidade-qualidade. São Paulo: Cortez, 2001, pp. 13-59. SERPA, D. ; ALENCAR, M. [...]
[...] 1 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS 2.1.1 Analisar as atividades desenvolvidas em sala de aula com gênero histórias em quadrinhos; 2.1.2 Averiguar quais os conteúdos selecionados e trabalhados nas aulas com histórias em quadrinhos; 2.1.3 Verificar como os professores exploram a linguagem dos quadrinhos como prática de leitura; 2.1.4 Identificar os recursos materiais utilizados para o ensino da prática de leitura com o gênero textual quadrinhos; 2.1.5 Investigar os objetivos didático-pedagógicos quanto ao uso dos quadrinhos em sala de aula; 2.1.6 Investigar como é feita a avaliação da aprendizagem nas situações em que é utilizada a HQ; 2 - MARCO TEÓRICO 2.1 LEITURA Em nossa cultura grafocêntrica, o acesso à leitura é tido como intrinsecamente bom. [...]
[...] 1. Na primeira atividade a professora solicita que os alunos elaborem uma HQ, reproduzindo a história lida anteriormente (também HQ) da Emília (Anexo 4). Para essa atividade a professora utilizou folhas de ofício (dobradas em formato de revista), lápis de cor e giz de cera. Os materiais foram entregues aos alunos. Em seguida a professora diz: P.: Vamos escolher um novo título para a historinha Os alunos apresentaram várias propostas de títulos. A professora escreve no quadro os títulos sugeridos. [...]
[...] In: Chiappini, L. (org.). Aprender e ensinar com textos não escolares. São Paulo: Cortez, 1997, pp. 125-154. INFANTE, U. Curso de gramática aplicada aos textos. São Paulo: Scipione, 2001. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. LUCKESI, C. C. Avaliação da Aprendizagem escolar: estudos e proposições. São Paulo: Cortez, 2003. LUYTEN, S. São Paulo: Brasiliense, 1993. MAGALHÂES, L. C. Em defesa dos quadrinhos. In: Zilberman, R. (org.). A produção cultural para a criança. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1990, pp. [...]
[...] A linguagem verbal vai aparecer, principalmente, para expressar a fala ou pensamento dos personagens, a voz do narrador e os sons envolvidos nas narrativas apresentadas, mas também estará presente em elementos gráficos: cartazes, cartas, vitrines, etc. A seguir veremos como foi trabalhada a mensagem lingüística das HQ nas atividades realizadas durante as aulas: . Exploração da linguagem verbal da capa de um gibi (Anexo 4). Os alunos, mediados pela professora, fizeram a leitura verbal da página inicial do gibi e discutiram sobre o que seria tratado nas páginas seguintes. [...]
[...] 12) define esse gênero como "articulação de signos gráficos, visuais e verbais como prática significante narrativa fundada na mais pura visualidade". Denominadas por Eisner (1989) como arte seqüencial, as HQ são uma forma de linguagem que combina imagem e texto e que, através do encadeamento de quadros, narra uma história ou ilustra uma situação. Descobrir o funcionamento dessa parceria demanda atividade lingüístico- cognitiva contínua pelos leitores (MENDONÇA, 2002). No entanto, Magalhães (1990) diz que o que é fundamental na HQ não é sua dupla natureza sígnica, mas o fato de que ela conta uma história relacionando personagens, enredo, tempo, espaço e ponto de vista. [...]
[...] Não observamos atividades que contemplassem questões de tamanho e espessura de letras e elementos constituintes (personagens, seqüência temporal, trama/enredo). No que diz respeito aos objetivos didático-pedagógicos, identificamos que a professora buscou levar o aluno a: . Refletir sobre os elementos visuais e verbais do gênero HQ; . Utilizar estratégias de leitura como antecipações e inferências para compreender a HQ a partir da capa. . Desenvolver estratégias de produção textual; . Compreender que a mensagem lingüística dos quadrinhos se dá através de duas formas: o diálogo e a narrativa; . [...]
[...] Equivale ao discurso direto em textos literários. É importante que o professor trabalhe as marcas da oralidade nas HQ. . Leitura por meio da qual se explorou a legenda (narrador) na HQ. Ao longo da leitura de um gibi (Anexo 4), professora e alunos discutiram quanto à voz onisciente do narrador da história. O debate entre eles girou em torno da voz presente nas legendas. Eis trechos das falas: P.: De quem é essa fala? Aluno: Do narrador. Constatamos que não foi aprofundada a discussão quanto ao papel da legenda (voz do narrador), para situar o leitor no tempo e no espaço, indicando mudança de localização dos fatos, avanço ou retorno no fluxo temporal, expressões de sentimentos ou percepções dos personagens. [...]
[...] A produção da leitura na escola. São Paulo : Ática, 1995. SILVA, L. L. M. O ensino da Língua Portuguesa no primeiro grau. São Paulo: Atual, 1986. SILVA, N. M. da. Fantasias e cotidiano nas histórias em quadrinhos. São Paulo: Annablume, 2002. SOARES, M. B. As condições sociais da leitura: uma reflexão em contraponto. In: ZILBERMAN, R.; SILVA, E. T. (orgs.). Leitura: Perspectivas interdisciplinares. São Paulo: Ática, 2000. SOLÉ, I. Estratégias de leitura. Porto Alegre : Artmed, 1998. SUASSUNA, L. [...]

www.educador.brasilescola.com/.../historia-quadrinhos.htm -

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

AS TIRINHAS EM QUADRINHO

As tirinhas, são narativas curtas, desenvolvidas geralmente em três quadros, no nosso caso são onze quadros,  pois esta foi uma tirinha especial de Carnaval. Ao leitor, é exigido o conhecimento prévio, são caracterizados com o auxilio dos dialogos somados a elementos visuais, mais especificamente pela inferência sugerida no ultimo quadrinho: alguém deve se sentir como o personagem,  já que ele se sente como outra pessoa. O desfecho inesperado, é o que provoca o efeito de humor. O que reforça a idéia de que a história surpreeende em seu final é a expressão facial e o que é dito, sugerindo ao leitor um ar de desdém. A fonte de comicidade reside mais nos elementos verbais, o aspecto visual, embora importante é tido como complementar, assim a explicação se ancora em elementos linguísticos. Existem casos que o aspecto visual, sobrepõe-se ao verbal, a fonte da comicidade, está na leitura visual e na inferência que ela permite. Vale mensionar que ocorre narrativas que apresentam um quadro só e sem diálogos, além de que tem como elemento mediador ou disjuntor um recurso visual e não linguísticos. Ainda e
tem casos em que os elementos visuais e verbais trabalham de forma mais harmoniosas sendo ambos  igualmente relevantes.As tirinhas em quadrinhos,  são definidas por Santos (2002), como uma forma de comunicação visual impressa que se soma a elementos verbais para compor uma narrativa. Pode ser publicada de diversas maneiras, entre elas em formato de tirinhas, como vemos diariamente nos cadernos de cultura dos jornais de nosso estado.Segundo Santos as tirinhas podem ser apresentadas de duas forma distintas: A primeira como trecho de uma narrativa maior em que apenas uma parte da historia é apresentada ao leitor, o funcionamento seria parecido com o de uma novela de televisão em que o telespectador vivencia em doses diárias uma história mais longa. Nas tirinhas, a cada dia, o leitor lê um pedaço da aventura (servem de exemplo os personagens de Mandrake e Fantasma entre outros) que  em gera não tem cunho cômico. A segunda é a que nos interessa, é a tirinha humoristica, como foi chamada pelo autor. Seria uma história que apresenta uma gag, termo entendido por Santos como uma piada diaria, dado que na maioria dos casos, é publicada diariamente pelos jornais. Para explicar esse tipo de tirinha, vale o texto de Morin (1973)., a autora européia aborda textos de humor, ou historietas cômicas, como foi traduzido para o português,  tais produções teriam em comum três funções:  A normalização apresentava os personagens, a locutora de deflagração colocaria o problema a serresolvido e a interlocutora de distinção se encarregaria de transitar a narrativa vigente de um modo sério para o modo cômico. A mudança de um desfecho "absurdo" o suficiente para causar humor no interlocutor.
O uso das tirinhas em quadrinhos contribui com o trabalho do professor em níveis diferentes de ensino, visto que é um roteiro de fácil acesso aos alunos para entretenimento e lazer. As historias em quadrinhos abordam vários temas nos quais o professor pode escolher as que melhor satisfazem as necessidades do seu planejamento.Pesquisa realizada recentemente declarou que, fica mais fácil o processo de aprendizagem e memorização quando estabelecemos a ligação com o conhecimento prévio do aluno. A revista Nova Escola publicou em abril de 1998 uma reportagem intitulada "Quadrinhos poderosa ferramenta pedagógica" na qual há depoimentos de professores que afirmam que 100% dos alunos gostam de historias em quadrinhos. Portanto, é recomendável o uso em historias em quadrinhos, podemos observar na historinha da "Cambada do Feioso" fatores que implicam na capacidade de observação e expressão, aguça o senso de humor e a leitura critica; correlaciona mensagem verbal e não verbal, assim como também a cultura formal e informal. Alem de conhecer e respeitar as variantes lingüísticas do português falado desvendando as formas coloquiais da linguagem.As tirinhas ajudam a aproximação das informações cientificam artísticas e históricas da realidade social do aluno, ajudando a desenvolver melhor a produção de textos. Do ponto de vista governamental, os quadrinhos são vistos, como ferramenta bastante atraente para estimular a leitura dos alunos. O que pode ser comprovado através do MEC, pois o mesmo acredita que a inclusão dessas obras, facilita o aprendizado das crianças em temas mais difíceis. É interessante que o professor ofereça a seus alunos, as tirinhas ou revistas em quadrinhos e de imagens, como outra opção de formas gráficas para se contar historias e também na exemplificação da língua portuguesa usada no cotidiano.

Leide Vilma Pereira Santos
www.webartigos.com/...Tirinhas.../pagina1.html

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Concepções de linguagem alteram
o que e como ensinar

Produção de texto. Foto: Gustavo Lourenção

Entenda por que a prática diária da leitura e a escrita, em atividades mediadas pelo professor, são fundamentais quando se considera a linguagem como forma de interação social

Na década de 1970, uma transformação conceitual mudou as práticas escolares. A linguagem deixou de ser entendida apenas como a expressão do pensamento para ser vista também como um instrumento de comunicação, envolvendo um interlocutor e uma mensagem que precisa ser compreendida. Todos os gêneros passaram a ser vistos como importantes instrumentos de transmissão de mensagens: o aluno precisaria aprender as características de cada um deles para reproduzi-los na escrita e também para identificá-los nos textos lidos.
Ainda era essencial seguir um padrão preestabelecido, e qualquer anormalidade seria um ruído. Para contemplar a perspectiva, o acervo de obras estudadas acabou ampliado, já que o formato dos textos clássicos não servia de subsídio para a escrita de cartas, por exemplo.
Segundo a pedagoga especializada em linguística, Kátia Lomba Bräkling, nessa concepção, a língua é um código e escrever seria o exercício de combinar palavras e frases para formar um texto. Assim, o ensino precisava focar prioritariamente as estruturas – os substantivos, os verbos, os pronomes, etc. – que compõem a língua e seus usos corretos.
Em pouco tempo, no entanto, as correntes acadêmicas avançaram mais. Mikhail Bakhtin (1895-1975) apresentou uma nova concepção de linguagem, a enunciativo-discursiva, que considera o discurso uma prática social e uma forma de interação - tese que vigora até hoje. A relação interpessoal, o contexto de produção dos textos, as diferentes situações de comunicação, os gêneros, a interpretação e a intenção de quem o produz passaram a ser peças-chave.
A expressão não era mais vista como uma representação da realidade, mas o resultado das intenções de quem a produziu e o impacto que terá no receptor. O aluno passou a ser visto como sujeito ativo, e não um reprodutor de modelos, e atuante - em vez de ser passivo no momento de ler e escutar.
 
PAPEL DE ESCRIBA Eleger um jovem para escrever
as produções orais incentiva a construção coletiva.
Foto: Drawlio Joca
Essas ideias ganharam suporte das pesquisas que têm em comum as concepções de aprendizagem socioconstrutivistas, que consideram o conhecimento como sendo elaborado pelo sujeito, e não só transmitido pelo mestre. Entre os principais pensadores estão Lev Vygostsky (1896-1934) - que mostrou a importância da interação social e das trocas de saberes entre as crianças - e Jean Piaget (1896-1980) - pai da teoria construtivista.
Nos anos 1980, Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, autoras do livro Psicogênese da Língua Escrita, apresentaram resultados de suas pesquisas sobre a alfabetização, mostrando que o aluno constrói hipóteses sobre a escrita e também aprende ao reorganizar os dados que têm em sua mente. Em seguida, as pesquisas de didática da leitura e escrita produziram conhecimentos sobre o ensino e a aprendizagem desses conteúdos.
Hoje, a tendência propõe que certas atividades sejam feitas diariamente com os alunos de todos os anos para desenvolver habilidades leitoras e escritoras. Entre elas, estão a leitura e escrita feita pelos próprios estudantes e pelo professor para a turma (enquanto eles não compreendem o sistema de escrita), as práticas de comunicação oral para aprender os gêneros do discurso e as atividades de análise e reflexão sobre a língua.
A leitura, coletiva e individualmente, em voz alta ou baixa, precisa fazer parte do cotidiano na sala. "O mesmo acontece com a escrita, no convívio com diferentes gêneros e propostas diretivas do professor. O propósito maior deve ser ver a linguagem como uma interação", explica Francisca Maciel, diretora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), em Belo Horizonte.
O desenvolvimento da linguagem oral, por sua vez, apesar de ainda pouco priorizado na escola, precisa ser trabalhado com exposições sobre um conteúdo, debates e argumentações, explanação sobre um tema lido ou leituras de poesias. "O importante é oferecer oportunidades de fala, mostrando a adequação da língua a cada situação social de comunicação oral".
Trecho adaptado da reportagem O papel das letras na interação social.
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COMO ENSINAR