JUVENTUDE URBANA - MARGINALIZADOS E EM TRANSFORMAÇÃO
O jovem dos anos 90 não está preso aos dogmas cultuados nos anos 60. Ao mesmo tempo pode ser a favor da pena de morte e ser ecologista. Ser politizado e ir ao caipiródromo. Nos anos 60 tinha que ser sexualmente liberal, marxista e não gostar de rock. Hoje é normal encontrar, entre rapazes e moças, virgens, literalmente, além de escolherem mitos, os mortos John Lennon, Jim Morrison, Jesus Cristo. Incoerência ? Mudanças radicais? A juventude de ontem desafiava a cultura da competição, "não confiava em ninguém com mais de 30 anos" e vestia-se com um desmazelo espantoso e proposital. O jovem de hoje reformulou seus conceitos, preocupando-se com a qualidade de vida embora, não desprezando a valorização do aspecto físico, característica de sua idade, num país que, já apontava, no final da década de 80 para uma população 40 milhões de pessoas com idade entre 15 e 29 anos.
Por outro lado, em 89, um levantamento feito pela empresa de pesquisa americana Saldiva detectou um jovem desacreditado com o "status quo", com a política econômica e com os valores vigentes. Já nessa época ficou patenteado que todos são consumistas, independentemente de classe social. Apesar de saber do valor do dinheiro e as dificuldades para o ganho, o jovem se utiliza da fantasia do consumo como fuga do prórpio real. Muitos mais do que a droga, o jovem do início da década de 90 já usava a fantasia como elemento da fuga. E o consumo é a nova droga. A juventude de hoje, segundo a pesquisa, não trazem nem ligação com os ideais políticos pacifístas da década de 60 nem o culto egoísta ao dinheiro que caracterizou os jovens urbanos de 80. Enfim, é uma juventude às voltas com suas crises pessoais e profissionais dentro de uma crise econômica do país. Com a crise econômica acentuada tornou-se mais difícil para os jovens dos anos 80 construirem uma perspectiva de vida num cenário de desigualdades sociais, um esgotamento de forma de expressão e de estilo incentivando, nesse período, um êxodo do país para outros onde exista qualidade de vida, economia estável e mercado de trabalho.
Jovem Urbano
No primeiro semestre de 1995 uma revista brasileira (VEJA) realizou uma pesquisa com jovens urbanos de vários países. Essa pesquisa aponta um jovem brasileiro menos otimista que os dos outros países no que diz respeito a melhoria da qualidade de vida no mundo. Apenas 17% acha que sua geração vai viver numa sociedade mais justa. Quanto à política tanto os marginalizados quanto os urbanos pensam da mesma maneira: os políticos não são confiáveis. A prova cabal desse dado foi o movimento pró-impeachment, em 1992, uma atuação coletiva de toda a juventude brasileira, tornando-se a grande alavanca que destituiu o primeiro presidente eleito pelo povo, após o período militar..
Essa mesma pesquisa mostra, também, que apesar da aparente liberdade de escolha dos jovens da classe média existe, na verdade, um processo intenso de massificação de valores conservadores. Essa globalização operada, sobretudo, pela televisão, coincide como uma com a dinâmica do jovem de menos idade, que tem entre suas principais características o desejo de controlar o mundo. A profissão, a realização pessoal e o respeito marcam mais pontos em suas ambições do que o sucesso e a fama; pessoalmente esperam casar e ter filhos. Lutam por valores mais autênticos da humanidade. Ecologia, comportamento saudável e seu futuro profissional estão entre suas preocupações, apesar do liberalismo sexual o jovem atual busca relacionamento onde estejam presentes valores como responsabilidade, respeito e confiança.
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