André Garcia, do Estante Virtual: 500 mil usuários cadastrados
Alguns dos mais bem-sucedidos negócios na internet são os sites que atuam como intermediários entre pessoas interessadas em vender produtos e aquelas que desejam comprá-los. Nessa categoria cabem desde os portais de leilões virtuais até os buscadores de ofertas nas lojas on-line. Em 2005, o carioca André Garcia, então com 27 anos, decidiu tentar a sorte no ramo com um tipo de mecanismo inédito no Brasil, uma espécie de Google dirigido a livros usados, batizado de Estante Virtual. "Sempre me incomodou a dificuldade de encontrar livros nos sebos, pois estavam normalmente perdidos em estantes empoeiradas ou guardados sem nenhum tipo de cuidado", diz ele. "Mas a ideia veio mesmo quando fui procurar alguns títulos para uma tese de mestrado e não consegui achar nenhum deles." Pois seu site, que nasceu no Rio de Janeiro, já reúne sebos em 317 cidades brasileiras e acaba de atingir uma marca simbólica: meio milhão de usuários cadastrados, com 300 000 acessos por dia e 5 000 obras vendidas a cada 24 horas. A mecânica é simples. O internauta digita o título desejado, efetua a compra e recebe o exemplar em casa. A cada operação dessas, Garcia recebe uma comissão de 5%. No ano passado, a empresa movimentou 24 milhões de reais, contra 18 milhões registrados em 2008. "Não dá para dizer que fiquei milionário, mas levo uma vida muito melhor da que teria se fosse empregado de uma grande organização", diz.
Formado em administração de empresas, Garcia trabalhou por nove anos em um banco de investimento e em uma operadora de telefonia celular - tempo suficiente para desenvolver verdadeira ojeriza pela rotina dos escritórios. Autodidata, montou o sistema de busca do Estante Virtual depois de estudar programação de computadores. Atualmente, a companhia tem nove funcionários e oferece 7 milhões de exemplares, pertencentes a 1 700 sebos cadastrados. Inspirado nos empreendedores americanos do Vale do Silício, Garcia faz questão de cumprir uma jornada suave: ele e os empregados só trabalham seis horas por dia. Fora desse período, ele não atende nem mesmo o telefone celular se for para falar de negócios. Outro hábito que preza é ir e voltar a pé no caminho entre sua casa e o trabalho, ambos no bairro de Laranjeiras. Quando está na ativa, porém, fica 100% concentrado no que está fazendo. "Para mim, um negócio inovador também envolve um tipo de relação diferente com o trabalho", filosofa. "Não são as horas que importam, mas o grau de dedicação." Era exatamente o que pensavam os jovens Sergey Brin e Larry Page ao criar o Google, em 1997.
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